Entenda porque Laguna ainda não conta com coleta seletiva

De acordo com a estimativa mais recente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o número de municípios que apresentaram alguma iniciativa de coleta seletiva foi de 4.183 em 2021, representando 75,1% do total do país. Infelizmente, a cidade de Laguna (SC), conhecida por ser um patrimônio histórico nacional além de encantar os moradores e turistas com a beleza de suas praias, ainda não faz parte de tal porcentagem e busca soluções para combater o problema.

As medidas para solucionar o empecilho são tomadas desde o fim de 2022, quando a Câmara de Vereadores da cidade sulcatarinense aprovou o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS). Dentre os objetivos do plano, destacam-se a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

Trâmites burocráticos e poucos recursos separam a implantação definitiva da coleta em Laguna. De acordo com a bióloga e técnica responsável pelo Departamento de Resíduos Sólidos e Sustentabilidade da cidade, Aline Trichês Savi, o projeto de implementação mais baixo apresentado até o momento foi de R$ 1 milhão durante o período. Acompanhada da Diretora Geral do Departamento, Thais Corrêa Cardoso, Aline ressalta que o município precisa implantar a coleta para realmente funcionar, e não simplesmente existir na teoria. “Queria  que fosse o quanto antes, mas dependemos do recurso”, afirma a bióloga.

Elas também explicam que para existir a coleta, uma cooperativa de reciclagem seria implementada pela prefeitura. No local, os materiais seriam recebidos, triados e ganhariam uma destinação final para reciclagem. Caso não houvesse solução de reaproveitamento, o material seria enviado para o aterro. “Não adianta conscientizar a população, bater de porta em porta e no fim tudo ir para no aterro, sem separar corretamente. Tem que implementar para dar certo”, destaca Aline. Outro ponto que a prefeitura de Laguna busca priorizar, são os catadores de materiais recicláveis. O município pretende fazer um levantamento das pessoas que realizam a coleta pelas ruas da cidade, onde a prefeitura iria fiscalizar o trabalho e gerir a cooperativa em parceria com uma empresa terceirizada.

Apesar do sistema ser utilizado em outras regiões do estado, algumas empresas esbarram quando a proposta envolve a priorização dos catadores. Isto porque, algumas das pessoas que realizam o serviço sequer moram na respectiva cidade, são “andarilhos” que adotam a atividade e, por vezes, vendem o material reciclável para terceiros em troca de dinheiro na hora. Em algumas vezes, infelizmente tal prática resulta na compra de drogas e o valor que poderia servir de sustento para uma ou mais pessoas, acaba alimentando um vício. Realizar o levantamento do perfil dos catadores e fiscalizar o trabalho dos mesmos seria responsabilidade da prefeitura, mas a licitação segue estudada pois o município não consegue fazer tudo por conta própria. A busca por parcerias, a coleta, separação, além da conscientização junto à população são grandes desafios. Uma opção estudada pelo PMGIRS é a setorização por bairros, onde pontos de entregas voluntários seriam implementados. Outra opção também é a chamada coleta “porta a porta”.

A cidade de Belo Horizonte (MG) utiliza tal estratégia. Na coleta seletiva porta a porta, os materiais recicláveis são separados pelos moradores e deixados na calçada para serem recolhidos por um caminhão.”Basta separar os resíduos (papel, metal, plástico, isopor e vidro), higienizá-los e colocá-los em saco plástico, de preferência transparente, na calçada, às 8h, no dia definido para o recolhimento em sua rua”, explica a prefeitura da capital mineira em seu site. Durante uma proposta ao departamento, a utilização de uma moto para recolha foi sugerida, mas na visão dos profissionais, o uso de um carro elétrico seria a opção mais correta e sustentável.

Existem soluções alternativas à coleta seletiva?

As burocracias e falta de recursos limitam a implantação da coleta seletiva na terra de Anita Garibaldi. Ainda assim, projetos voluntários que buscam dar um destino sustentável a materiais recicláveis são realizados como uma alternativa à coleta.

Encabeçado pelo próprio Departamento de Resíduos Sólidos e Sustentabilidade, em parceria com a Fundação Lagunense de Meio Ambiente (Flama) e com o departamento do Bem Estar Animal, a Secretaria de Pesca e Agricultura confirmou a retomada do projeto “Recicla Pet”, durante o ano.

Em 2018, a campanha foi responsável por arrecadar uma tonelada em tampinhas plásticas. Após um edital de chamamento público, entidades protetoras de animais atuantes no município de Laguna, que desempenhem atividade voluntária, sem fins lucrativos, serão escolhidas pelo município para realizar a doação dos materiais arrecadados. As organizações serão responsáveis por vender o plástico e reverter o valor em castrações, atendimentos emergenciais e compra de medicamentos para animais domésticos. As instituições deverão prestar contas à prefeitura.

Pontos voluntários em restaurantes, lojas e na própria prefeitura de Laguna fazem parte do início oficial da campanha.

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