De estudante a coordenador: Conheça um professor cuja história se confunde com a vida da universidade

Quem passa pelos corredores da Universidade do Sul de Santa Catarina (UniSul), pode visualizar pequenos cartazes com seu rosto estampado. Atualmente coordenador da Área Dois, o professor Marcos Marcelino Mazzuco frequenta a instituição há mais de 30 anos, onde iniciou sua trajetória na graduação em química.

Natural de Urussanga, no Sul do estado, Mazzucco morou exclusivamente com os pais até os 17 anos. Um pouco antes de completar tal idade, sua paixão pela área da ciência da natureza e tecnologias o fez cursar engenharia química, onde o local mais próximo a ofertar a graduação era no Campus de Tubarão, a 55 quilômetros de distância.

Com a graduação completa e prestes a fazer 23 anos, o jovem Marcos recebeu uma oportunidade de emprego na cidade de Vitória, no Espírito Santo. Ele, que passou a dividir moradia com um primo de Tubarão enquanto estudava, agora precisava ir para muito mais longe para iniciar sua trajetória no mercado de trabalho. Por sorte, seu irmão mais velho também foi chamado para a Ornato Revestimento, empresa onde surgiu a oportunidade, já que ele também era recém formado como Técnico em Cerâmica.

Por um ano, os irmãos Mazzucco deixaram seus pais agricultores com uma grande saudade. Devido às circunstâncias da época, as ligações eram feitas em horários combinados para não pagar um grande valor em tarifa, sem contar que a internet ainda não era uma realidade como hoje. “Tinha que ser fora do expediente da fábrica, pois usava o telefone da empresa. Meus pais também não tinham telefone, então eu ligava para um tio meu, e eles iam até lá para que conversássemos”, destaca Marcos sobre os telefonemas. A visita aos familiares aconteceu apenas uma vez no período. Aproximadamente 24 horas de ônibus separavam Marcos de seus familiares no Sul de SC.

A experiência foi cheia de novidades, mas por acreditar que a empresa explorava pouco o lado técnico e priorizava o operacional da engenharia, o jovem decidiu pedir o ingresso para o mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. Tal atitude fez com que o agora professor Marcos Mazzucco retornasse as suas origens. Ao mesmo tempo que fazia o mestrado, e posteriormente o doutorado na capital, ele dava aulas na UniSul, onde tudo começou.

Após três anos de rotinas agitadas, onde por quatro noites na semana ele se deslocava até Tubarão para ministrar as aulas, ele recebeu o convite da universidade para atuar em tempo integral no ano de 2001. Já contratado, Marcos passou a ser assistente pedagógico do curso e em pouco tempo, eleito coordenador da engenharia química na instituição.

Química industrial, Gerência de Ensino e Pesquisa, Tecnologia em Eletroeletrônica, Automação Industrial e Engenharia em Controle e Automoção (parceria com Senai), e Licenciatura em Química são os cursos que Marcos Mazzucco coordenou ao longo de seus 26 anos como docente da UniSul. Atualmente a Área Dois, cujo ele coordenou durante um período em parceria com a profª Márcia Cargnin Martins Giraldi, compreende Arquitetura, Urbanismo e Design; Comunicação e Artes; Engenharias; e Tecnologias da Informação (TI).

AVALIAÇÃO PROFISSIONAL

É fácil de conseguir emprego na área da química atualmente?

M. Mazzucco: A área sempre foi muito aberta pois a química aparece em muitas coisas. São muitas oportunidades. A quantidade de indústrias, a de alimentos, por exemplo, é uma das indústrias químicas que mais aparecem, mesmo em lugares pequenos.

Mudou muito com o passar dos anos?

M. Mazzucco: Na época eu podia escolher onde ia trabalhar, tinha mais de uma proposta. Hoje o mercado não é tão aberto, mas por outro lado, as pessoas tem mais acesso às oportunidades mais distantes por conta da internet.

A área da química depende de aperfeiçoamento constante?

M. Mazzucco: Em partes sim. O aperfeiçoamento é bom para um certo fluxo de oportunidades. Mas ao mesmo tempo, quando ele é muito extremo ele te limita. Para a pessoa que vai entrar no mercado de trabalho, é bom ter uma afinidade de forma geral com a área.

Como gestor, como foi enfrentar o período da pandemia da Covid-19 na universidade?

M. Mazzucco: Todos se colocaram na posição de compreensão. Não foi um período fácil, mas penso que não foi tão doloroso, pois professores e alunos passaram por um processo de adaptação e todos foram compreensivos, inclusive nós da gestão.

A VITÓRIA DA VIAGEM

No primeiro compromisso junto a nova empresa, um profissional da Ornato aguardava Mazzucco desembarcar na rodoviária de Vitória (ES). Quando o ônibus que partiu de Criciúma chegou na serra de Curitiba (PR), alguns passageiros deram falta de pertences que sumiram durante a viagem. O ônibus parou em um posto policial e realmente duas pessoas haviam furtado os passageiros. Apesar do “final feliz”, tal ato causou um grande atraso na viagem, cujo destino inicial era São Paulo.

Em solo paulista, Marcos deveria pegar outro ônibus para o Rio de Janeiro e finalmente um terceiro para o tão sonhado destino. Devido ao atraso, ele perdeu o primeiro ônibus para o Rio. “Como todas as coisas, sempre o errado tem chance de acontecer”, é o que destaca o professor. No RJ, já era sabido que não daria para chegar a tempo no destino, e a funcionária do guichê inclusive nem quis vender o ticket para o ônibus rumo a Vitória, pois o mesmo já estava manobrando para sair da rodoviária.

Foi então que surgiu um companheiro atrasado, exigindo que a moça vendesse as passagens. Neste momento, Marcos e seu mais novo amigo saem correndo rodoviária a fora com as bagagens na mão e atacam o ônibus já no meio da rua. Mazzucco destaca que o funcionário o aguardava somente até a meia noite daquele dia, e como ele não tinha telefone, caso houvesse um desencontro entre os dois, o jovem não teria nem onde passar a noite, além de provavelmente perder a oportunidade de emprego.

Felizmente, o funcionário ficou esperando por mais tempo do que o combinado e a viagem para Vitória foi concluída com êxito.

MENSAGEM DO PROFESSOR

Imagens: Matheus Machado Lucas
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