FIFA GATE: O futebol dominado por corruptos

Veja como o esporte mais popular do mundo é dominado pela corrupção que ocorre por trás das cortinas.

Sabemos que o futebol é o esporte mais popular no mundo todo e, envolve pessoas e muito dinheiro, já é esperado que haja algum tipo de corrupção por trás das cortinas. Mas, isso vai muito além.

Uma série de irregularidades na organização da Copa no Qatar foi descoberta, prisões foram feitas e documentos foram divulgados ao público, documentos esses que mostram como funcionava a corrupção dentro da FIFA.

Não há como estipular uma data para o início da corrupção, mas quem instituiu o padrão que conhecemos atualmente, é João Havelange.

Ele se aproveitou das vitórias adquiridas pelo Brasil e fez seu nome na política do mundo futebolístico. As copas de 1958, 1962 e 1970 foram utilizadas de passagem por João.

Desde que a FIFA foi criada, é considerada uma instituição europeia, e por isso mesmo, quando se candidatou à presidência, Havelange estava longe de ser o favorito, mas como ele passou pelas dificuldades, foi o pontapé para a corrupção dentro da FIFA.

Havelange era presidente da federação brasileira e entendia as dificuldades do futebol e usou isso como moeda de troca para conseguir votos. Prometeu levar o esporte para o mundo todo, assegurou investimentos e favores de diversas nações. Visitou quase 90 países durante sua campanha, fazendo promessas e presentes aos representantes dessas nações, conseguindo assim o resultado que tanto desejou.

João Havelange foi eleito presidente da FIFA em 11 de junho de 1974. Mais do que isso, sabia que com favores e subornos, teria a gratidão e fidelidade de muitos dirigentes ao redor do mundo. Se tornando dono da FIFA e do futebol.

João construiu um império e teve muitos aliados, esses que movimentavam o mundo do futebol, entre eles estavam o seu secretário-geral e sucessor, Joseph Blatter.

Joseph entrou na FIFA um tempo depois de João, com apoio político do herdeiro da marca de artigos esportivos Adidas começou a conquistar espaço na instituição e foi nomeado secretário-geral.

Não podemos deixar de lado Jack Warner, ex-presidente da federação de Trindad e Tobago, esse que foi acusado pela imprensa por inúmeras práticas corruptas, mas não foi punido. Pelo contrário, foi nomeado vice-presidente.

Esse é apenas um dos vários casos em que nada foi feito para solucionar os crimes cometidos. A FIFA vem sofrendo com casos de corrupção há anos, mas demissões ou qualquer medida contra esses crimes eram tomadas em raras exceções.

O então presidente da FIFA declarou na época que estava engajado em combater a corrupção dentro da organização e se isentou da culpa do escândalo

O poder do esporte

Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Para conseguirmos compreender as motivações da corrupção na instituição, é preciso entender o conceito que Havelange conseguiu aplicar como poucos haviam feito. O poder da bola.

Isso se trata da paixão. Com ela é feito que pessoas não usem as cores de adversários, que vistam seus filhos com a cor do seu time do coração. E que faz a bola rolar.

Podemos citar vários exemplos de ações feitas pela FIFA que usam o poder do esporte. A impunidade é um dos exemplos, mas conseguimos ir além. Podemos enxergar como eles atuam citando o ano de 2014. Bons estádios, em bom estado e capacidade para atender o público não podiam ser reformados. A FIFA exigia que o país gastasse milhões para a construção de novos estádios. O governo se submete às exigências, mas o culpado é a instituição.

Com o poder do esporte em suas mãos, conseguimos imaginar a influência que isso traz. Em 2010, Nelson Mandela foi uma das figuras influenciadas, sendo pressionado a conseguir a simpatia dos poderosos chefões da FIFA e trazer a Copa para o seu país. O acidente que matou sua neta, não foi suficiente para que a entidade aceitasse a ausência na final de 2010. Ele deixou o luto de lado e compareceu ao estádio

Se até Mandela, que tem uma força excepcional por seus atos e ações em prol da igualdade e paz em seu país, abaixou a cabeça para a FIFA, o que outros se sujeitaram e aceitariam para sediar a Copa? .

A seleção para sediar a Copa e a sede por mais dinheiro

A eleição para definir a sede da Copa do Mundo é feita a cada quatro anos por um grupo de representantes. Os países que se candidatam e tentam conquistar esses representantes mostrando que são mais preparados que outros e a Copa no seu país é melhor para o esporte.

Se fosse só isso, não teria tantos problemas. O principal é que as estratégias para convencer, vão além de vídeos e conversas sobre o preparo. Relatos de uma investigação por parte do FBI e que prendeu poderosos da FIFA, mostram que a escolha é feita através de suborno.

Não dá para mostrar e relatar os casos em todas as eleições, mas há alguns depoimentos, como do inglês Lord David Triesman, que foi responsável pela campanha para que a Inglaterra sediasse a Copa em 2018, ele ouviu pedidos inusitados por parte dos representantes.

Um exemplo, é o tailandês Worawi Makudi, que para votar no país de Triesman queria todos os direitos da transmissão de um amistoso entre Inglaterra e Tailândia, mesmo que pareça pouco, a transmissão e detenção dos direitos daria ao tailandês muito dinheiro.

Ricardo Teixeira seguiu o mesmo caminho, o presidente da CBF quando foi procurado pelo inglês, disse que coisas positivas foram ditas a respeito da candidatura inglesa. Mas, não significava nada para Ricardo.

Os Presidentes da CONMEBOL, CONCACAF e da FIFA se declararam vítimas do esquema de corrupção e exigiram uma ressarcimento em dinheiro

O amistoso entre ingleses e tailandeses acabou não acontecendo, Teixeira não foi agradado como queria e a Inglaterra conseguiu somente dois votos e perdeu para a Rússia, que foi acusada de aceitar os subornos. Práticas como essa acontecem há muito tempo.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que a investigação era uma armação americana para impedir a reeleição de Sepp Blatter que acabou acontecendo mesmo com as investigações em curso.

FBI vs Blatter

Foto: Atlas

A corrupção na FIFA e a submissão dos países sempre ocorreu pela influência e pelo futebol dando uma liberdade e impunidade para cometer crimes, isso começou a mudar quando a justiça dos EUA se envolveu.

Os EUA perderam a sede da Copa para o Qatar – os EUA era um forte candidato para a sede e se sentiram enganados com a decisão, após uma troca de favores o departamento de Justiça dos EUA realiza a investigação com base em dados já conhecidos.

Os americanos se envolveram e foram vistos como vingativos pela FIFA por terem sido derrotados na eleição para sediar a Copa, mas não é bem assim. A entidade já vinha sendo investigada desde 2008, por outros crimes como lavagem de dinheiro e suborno. O fato da eleição ser comprada é apenas mais uma em meia a tanta falcatrua. 

Um fator determinante foi a colaboração da Suíça, que dificilmente apoia investigação de crimes fiscais, devido às suas leis flexíveis relacionadas a isso. Mas, o país colaborou com a investigação e extraditou dirigentes acusados que moravam na Suíça.

Essa investigação durou meses e alguns nomes de peso foram condenados. Entre alguns, Leoz, Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Jack Werner. Todos com grande poder na instituição.

Joseph Blatter renunciou à presidência por estar alegadamente envolvido em diversos casos, mas não foi preso e, em 2020, investigações sobre o mesmo foram encerradas.

Apesar de não ter sido punido o quanto deveria, Joseph teve sua imagem manchada e teve que deixar o cargo que ocupava por essas circunstâncias. 

Depois de 7 anos de polêmica, o ex-presidente Joseph Blatter, e o ex-capitão francês, Michel Platini, foram absolvidos no processo de corrupção.

Novo presidente, os mesmos problemas

Com Blatter saindo, havia a esperança de que a instituição tivesse se livrado da corrupção e que novos tempos viriam, mas engana-se quem achou isso.

É possível acabar com a corrupção, mas é um processo que demanda tempo e o atual presidente está ligado a Blatter, o que muda é a maneira como a FIFA lida com essas questões, e se sentem menos poderosos, ou intocáveis, devo dizer.

Infantino não se manteve muito tempo longe de polêmicas e a investigação do FIFAgate acabou chegando ao novo presidente em 2017

Os resultados na prática foram vistos, podemos citar a implementação do VAR, além da criação de um comitê de ética, tendo uma sensação de que se há corrupção, os responsáveis não saiam impunes.

O descaso da escolha do Qatar como sede e o desrespeito aos direitos humanos. Por Augusto Menegaz, confira;

Fontes utilizadas para a criação do texto:

Matéria – Trivela

Matéria BBC

Esquemas da FIFA – documentário disponível na Netflix

Vídeos utilizados na reportagem:

Agência AFP

EuroNews de Portugal 

Texto por: João Vitor Benedet, Eduardo Fogaça e Augusto Menegaz

Áudio por: Augusto Menegaz

Vídeos por: João Vitor Benedet, Eduardo Fogaça e Augusto Menegaz

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