Com a chegada do mês de junho e do frio, vem também um dos eventos mais esperados do ano no Brasil: as festas juninas. Considerada a segunda maior comemoração do país — atrás apenas do Carnaval —, essa festividade é comum em todas as regiões do país e é comemorada, pelo menos, desde o século XVII.
“As festas juninas têm uma origem histórica muito antiga. Historiadores afirmam que entre os romanos, já na Idade Antiga, por volta do primeiro milênio a.C., já se festejavam as comemorações juninas ou junianas, como as chamavam na Roma Antiga. Porém, com outros propósitos, ou seja, eram consideradas como parte dos rituais de celebração de passagem da primavera para o verão no hemisfério norte”, destaca o professor de história Deivid Matei.
Hoje, a festividade possui forte ligação com o catolicismo. Porém, o impacto cultural de suas tradições, ao longo dos anos, acabou por transcender o simbolismo original da data, tornando-se um evento folclórico da cultura brasileira; como podemos conferir na reportagem em áudio abaixo.
Embora cada região do país celebre de maneira e tradições diferentes, a festa junina é, basicamente, regada por muita alegria, danças, músicas e apresentações culturais típicas da época. Na culinária, por exemplo, é comum ver pipoca, canjica, pamonha, maçã-do-amor, pinhão e quentão. Já a decoração do ambiente é realizada com bandeiras, balões, fogos de artifícios e toalhas em estilo xadrez.
Outro fator que atrai público para essas comemorações são as apresentações juninas como quadrilha, queima da fogueira, casamento de jeca, pau de sebo, entre outras manifestações artísticas. De acordo com o historiador, as “festas juninas”, “julinas” e também “agostinas” tornaram-se de suma importância no contexto atual, pois, além de manter a tradição — seja ela material ou imaterial — transformaram-se num forte agregador social das comunidades e ao mesmo tempo continuam contribuindo para a manutenção e a integração das atividades sociais nas escolas, nas igrejas e nos demais lugares; como mostrado na reportagem em vídeo:
Tradição de festa junina: um pouco das atrações que encantam o público
A quadrilha é um estilo de dança folclórica que é típica na maioria dos eventos desse estilo. Tem origem numa dança popular realizada por camponeses europeus durante a Idade Média. Foi trazida para o Brasil no século XIX, onde se uniu com as danças e tradições culturais brasileiras. Representa de forma animada, principalmente, os principais aspectos da vida no meio rural. A mesma varia muito de região para região.
Já a queima da fogueira, na Europa, saudava a chegada do verão até o século VI, quando a Igreja Católica passou a associar as tradições pagãs à data de nascimento de São João. Segundo a tradição católica, Isabel fez uma fogueira para avisar sua prima Maria do nascimento de seu filho, São João. A ligação entre cultura pagã e cristianismo é reproduzida até hoje nas práticas culturais, que foram trazidas para o Brasil pelos colonos portugueses.
O casamento de jeca também é uma das atrações mais esperadas pelos frequentadores das festas e garante a diversão tanto dos personagens, quanto das pessoas que assistem. Considerado por muitos como uma ironia aos matrimônios tradicionais, a tradição representa a união de uma maneira superdescontraída. O casório conta com um roteiro recheado de piadas e brincadeiras, ironizando as uniões do passado. Entretanto, pode ser encenado de diferentes maneiras, de acordo com a cultura local.
Outra brincadeira que que contagia pessoas de todas as idades é o pau de sebo. O mesmo trata-se de uma estaca de madeira fincada no chão, ensebada, que dificulta sua escalada e provoca várias quedas antes de se conseguir chegar ao topo. Homens, mulheres, crianças e adolescentes de várias idades participam da diversão. Geralmente no topo há notas de dinheiro ou brindes.
Editora: Ariadne Marcelino
Texto: Matheus Gomes
Vídeo: Isabel Silva e Isadora Zarbato
Áudio: Mara Barreto Sinhosewawe Xavante