Churrasco? Não! Brócolis assado com queijo e muito tempero. Essa é uma das diversas opções que existem por trás da culinária vegetariana, que exclui todos os tipos de carnes, aves, peixes e seus derivados da alimentação. Já os veganos não consomem nenhum tipo de alimento, roupas e produtos em geral que sejam testados ou de origem animal
Atualmente, os vegetarianos representam 14% da população brasileira. É o que diz o Ibope Inteligência, em pesquisa realizada no ano de 2018. Na região, existem diversos jovens e adultos que aderem a esse estilo de vida. “A maioria das pessoas acham que é a coisa mais absurda do mundo e que é impossível, mas não é. A partir do momento que você vai tomando consciência das coisas e entendendo o porquê, tudo fica muito mais fácil”, revela a empresária Vitória de Quadros.
Ela é vegana. A jovem de 25 anos eliminou a carne vermelha do prato em 2015. “Depois retirei o frango, o peixe e, por último, os laticínios”, completa Vit, como é carinhosamente conhecida. A transição foi gradativa. Sobretudo, sentida. Para ela, o estilo de vida é uma maneira de sentir liberdade. “Tanto pela minha própria consciência, quanto espiritualmente”, diz. Sente-se mais conectada com o propósito da vida, que é ter empatia com o outro e com o mundo. “Usar um rímel ou um batom e saber que nenhum animal sofreu é extremamente gratificante. Gostaria de ter me tornado vegetariana e vegana muito antes”, reflete.
No entanto, nem sempre foi fácil ter o consumo alimentício consciente. Segundo ela, em Tubarão, na época que iniciou a nova rotina, havia poucas opções de comida vegana no município e na região. Como não trabalhava e, consequentemente, sem dinheiro para se manter, seu pai teve a ideia de vender salgados. “Para ganhar um dinheirinho a mais e ter o que comer de forma fácil e prática”, declara. Foi aí que surgiu sua empresa Vou de Veggie (@voudeveggie), que produz salgados veganos. E foi na cozinha que ela se conectou ainda mais com os alimentos. “É um amor pela comida, livre de qualquer sofrimento que ela poderia ter”, revela. E, assim, Vitória vive e coloca na prática um estilo de vida, com muito sabor, nutrição e amor aos animais.
As reduções no consumo de carne surgem gradativamente
O Brasil está no topo do ranking de países que mais consome carne, porém houveram mudanças na vida do brasileiro que levaram à queda deste índice. Ouça na reportagem de Estér Martins
Hambúrguer veggie tem também!
Hambúrgueres feitos com grãos germinados, à base de lentilha, grão de bico, feijão e ervilha. Temperinhos como pimenta do reino, páprica defumada, curry, gengibre, alho, sal, azeite de oliva dão um toque saboroso às opções do Frida (@frid.veg). Assim como Vitória, Diogo Beck e Guilherme Reynaldo sentiam dificuldade em encontrar pratos vegetarianos “de verdade” nas lanchonetes e bares da região – algo que não fosse batata frita. Mesmo sem formação em gastronomia, a dupla se uniu. Diogo, além de ser professor de matemática, já foi proprietário de restaurante e tem uma vasta experiência em cozinha. Guilherme é fotógrafo, publicitário e um aventureiro na cozinha.
Almas vegetarianas, juntas para mostrar que vegetarianismo é uma opção real (e acessível) para todos. “Nosso propósito é desmistificar o veganismo, apresentando caminhos naturais, através do alimento e da partilha de informação, conhecimento e cultura”, revela Diogo. O burger vegetariano do Frida é tão ou mais nutritivo que o de origem animal, pois é feito de grãos germinados que têm maior potência nutricional. No Frida, utilizam somente temperos naturais, sem conservantes. “Aqui, existem opções e pratos tão (ou mais) nutritivos e saborosos quanto os de uma dieta onívora”, destaca Gui.
Ele ainda revela a simplicidade na estrutura da cozinha afetiva. “Desde a criação de novos sabores até a forma de divulgação e venda, a gente faz tudo”, completa, entre risos. Para eles, mais do que ter um empreendimento, é proporcionar reflexões sobre a responsabilidade alimentar e ambiental. As escalas gigantes de produção de alimentos, seja gado ou grãos, vão muito além da necessidade real da população. Geram rendas de altos valores financeiros, mas também abalos consideráveis ao meio ambiente.
Ser vegano é um estilo de vida que se preocupa com os animais, a saúde individual e coletiva, o meio ambiente, além do modo de consumo da sociedade. Quando questionados sobre o assunto, não restam dúvidas para Diogo e Guilherme. “Acreditamos que o problema está na inversão de valores e no comodismo, o dinheiro fala mais alto que o resto. A gente aqui do Frida zela por uma economia sustentável e responsável, por isso apostamos o máximo possível em alimentos orgânicos e agricultura familiar regional”, concluem.
Alô, nutri: quero virar vegetariano. E agora?
Atuando há oito anos como nutricionista, Tamara Pedroso aponta que toda dieta alimentar necessita dos macro nutrientes como: proteína, carboidratos e lipídios. Segundo ela, a maior dúvida das pessoas que querem se tornar vegetarianas é em relação aos alimentos certos que substituem a proteína da carne. “Trata-se do grupo dos feijões, as leguminosas. Ervilha, grão de bico, soja, estão entre as opções”, explica. Ela ainda reforça que o vegetariano deve ter uma variedade no cardápio diário. Consumir mais frutas, cereais e castanhas. “Conseguindo ter essa pluralidade, o indivíduo consegue atender todas as necessidades do organismo. Não é uma restrição, mas sim uma ampliação dos alimentos que vão ser ingeridos”, conclui.
Dá para substituir proteína animal por vegetal?
Quem pratica exercícios físicos de muita intensidade, precisa de alimentos que possam repor todas as energias gastas durante os treinos. O repórter Higor Stork conversou com o instrutor físico Arthur Nandi, para descobrir se a falta de proteína animal prejudica veganos ou vegetarianos nas atividades.
Vá além!
A reportagem do Mural Unisul traz uma opção de filme para conhecer mais sobre o assunto. O documentário Vegano Periférico, produzido de maneira totalmente independente, aborda o veganismo pela perspectiva de Leonardo e Eduardo Luvizetto, irmãos ativistas da periferia de Campinas. Ele está disponível no YouTube, gratuitamente (clique aqui – https://www.youtube.com/watch?v=kr98MSULN9g ). Além de discutir a importância da acessibilidade das informações sobre a exploração animal produzida pela indústria, os irmãos apontam, a partir de suas vivências na periferia, caminhos para um veganismo popular e político, em diálogo com outras causas. Leo e Edu são fundadores da página @veganoperiferico, no Instagram, por onde mostram, na prática, como é possível ser vegano de forma sustentável e econômica.
Reportagem em vídeo
Repórter: Higor Stork
Edição: William Andrades
Produção: Fhillype Costa
Reportagem em áudio
Edição: Eduardo Pereira
Repórter: Estér Martins
Produção: Maria Luiza Inácio
Reportagem de texto
Edição: Vinícius Barbosa
Repórter: Kamila Melo
imagens: Jean Domiciano
Editora Geral: Amanda Pase