Neste período de pandemia a preocupação com o meio ambiente, tem se tornado cada vez mais visível. Muitas pessoas tem buscado por formas mais sustentáveis de viver. Será que podemos considerar essa relação como positiva nesse momento?
A relação do homem com o meio ambiente sempre foi alvo de discussões, muitos acreditam que esse elo, nunca foi muito respeitoso e que os seres humanos deveriam cuidar mais dessa relação. Já outros, entendem que a natureza não precisa de cuidados e que está aqui apenas para nos servir. Ao longo dos anos, as mudanças na forma como o meio ambiente reagia às ações do homem, foram mostrando que sim, a natureza precisa de um olhar atento e que os impactos causados nela, também prejudicam o ser humano. Mas em meio a um dos momentos mais devastadores que o mundo têm vivido, a pandemia de Covid-19, como está esse relacionamento?
No início de junho deste ano, foi celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Em uma pesquisa feita pelo Intituto Ipsos, mostrou que 85% dos brasileiros acreditam que problemas como degradação ambiental, poluição, mudanças climáticas e desmatamento, representam uma séria ameaça à saúde e devem ser tratados como prioridade, no plano de recuperação do país pós-pandemia. Ou seja, o cenário de crise em que estamos vivendo, tem feito as pessoas se preocuparem com a preservação do meio ambiente. Mas será que esses entrevistados tem trabalhado para que as ações apresentadas por eles, tenham início dentro da própria casa? A mesma pesquisa mostra que não. Das pessoas que foram ouvidas, 41% admitem que o tema da proteção ambiental, não faz parte de suas preocupações pessoais. Muitos ainda acham que essa é apenas uma tarefa de responsabilidade do governo.
Uma outra questão levantada é se a degradação ambiental, é um dos fatores que pode levar ao surgimento de novos surtos epidêmicos. Desde o início da pandemia, muitos pesquisadores estudam como o novo coronavírus infectou os humanos. A principal suspeita indica que ele teria sido transmitido de um morcego a um pangolim, antes de infectar pessoas. Segundo a ONU, cientistas afirmam que habitats degradados incentivam a diversificação de doenças, já que por conta da atividade humana, os habitats selvagens são destruídos. Além disso, outros fatores também são apontados, como o comércio ilegal de animais silvestres, a poluição, as mudanças climáticas, entre outros.
Durante esses meses de pandemia um outro ponto muito importante observado, foi a forma como a natureza tem reagido a esta parada obrigatória do homem. A redução na atividade econômica e o isolamento social, tiveram alguns impactos no meio ambiente, como a qualidade do ar. As emissões de carbono diminuíram entre 5,5% e 5,7% durante a pandemia. Boa parte dessa redução é por conta da diminuição da atividade industrial. O consumo de combustíveis fósseis também reduziu. A procura por gasolina caiu quase 35% e por diesel cerca de 25%. Na China por exemplo, imagens de satélite mostraram um declínio nos níveis de poluição sobre o país, causado em parte pela desaceleração econômica, segundo a Agência Espacial Americana Nasa.
Imagem 1 e 2: Satélite NASA
Mas nem é preciso ir longe para ver essas mudanças acontecerem. No estado de São Paulo, dados da Companhia Ambiental (Cetesb) mostraram que houve uma redução de 50% de monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio. Até a mancha de poluição na região metropolitana de São Paulo diminuiu na primeira semana de abril. As imagens de satélite fazem a comparação com o mesmo período no ano passado.
Imagem 3: Seeg/OC/Divulgação
Por outro lado, também temos os impactos negativos. A geração de resíduos domiciliares em compensação pode aumentar entre 15% e 25% por conta da quarentena, segundo um documento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE). Além disso, a quantidade de lixo hospitalar também pode ser 20 vezes maior durante este período, o que preocupa bastante, principalmente onde o gerenciamento desses resíduos é precário.
Que a forma como a relação homem e meio ambiente mudou neste cenário de pandemia, é algo incontestável. O que nos resta compreender é como ela vai ser daqui para frente, se de algum modo nós seres humanos, iremos buscar por meios mais sustentáveis de viver e auxiliar nesse processo de melhorias e desenvolvimento ou se ainda será um relacionamento caótico sem a necessidade de encontrar novos hábitos.
Imagens: Internet
Texto: Isabel Silva