Os desafios da educação a distância em tempos de pandemia

Apesar das escolas manterem as atividades remotas, estudantes e professores enfrentam dificuldades para viabilizar conteúdos.

Créditos: Unsplash.

A pandemia do coronavírus fez com que a população fosse obrigada a se colocar em quarentena para se proteger contra a doença. Os serviços utilizados todos os dias foram desativados, incluindo as aulas presenciais em escolas e faculdades públicas e particulares.

Desde então, a medida do governo foi implantar um sistema de aulas online para que os alunos pudessem permanecer em suas casas e, ainda assim, não perder o ano letivo. Entretanto, acreditar que esse sistema funciona de forma perfeita e idêntica, ou até melhor que as aulas presenciais, é ilusão. Na verdade, esse processo tem se mostrado repleto de falhas e dificuldades, podendo gerar até mais dor de cabeça que as aulas presenciais.

O ensino básico foi a área mais atingida. Alunos de escolas particulares, na maioria das vezes, possuem os recursos necessários para estudar online, como computadores, tablets e smartphones. No entanto, essa realidade não se aplica à maioria dos alunos de escolas públicas.

O ensino presencial, por si só, já enfrenta desafios diários pela falta de recursos nas escolas. Se for parar para imaginar a condição de cada aluno em sua casa, a situação complica ainda mais.

Alunos de escolas públicas do estado enfrentam dificuldades para estudar durante a pandemia.

Afinal, se há municípios fazendo campanhas de doação de cestas básicas para alunos de baixa renda, como substituição da merenda escolar – justamente por ser a principal fonte de alimento de vários estudantes –, dá para imaginar que um sistema de aulas online se tornaria pouco efetivo para alunos que não dispõem de ferramentas para o acesso à educação a distância.

Créditos: Kauana Mulinari.

Infelizmente, ainda é a realidade de muitas famílias. A solução encontrada por alguns municípios foi disponibilizar as apostilas com os exercícios nas escolas para que os responsáveis possam buscá-las e levá-las para casa, para o aluno poder estudar.

Assim, podemos observar como o sistema desampara alguns alunos no processo de educação. Sem a presença de professores e tendo que estudar sozinhos, estes alunos sem acesso à internet passam por muitas dificuldades, e os pais sentem na pele os desafios que os professores encaram diariamente.

Na ausência de professores, os pais e responsáveis se tornam a primeira opção para auxiliar os alunos nesta missão. No entanto, apesar de contribuírem com o processo de estudar em casa, muitos não estão capacitados para ajudá-los.

Gisele Werncke trabalha no ramo da administração e é mãe de dois meninos, de oito e dez anos, que estudam no 3° e 5° ano do Ensino Fundamental, respectivamente. Ela relata que a experiência de ter seus filhos estudando em casa não é nada fácil, mas faz o possível para que eles consigam estudar normalmente, sem distrações. “As aulas a distância estão sendo uma experiência nova e diferente para os alunos e professores. Acredito que ainda não estamos preparados para este tipo de ensino, assim como os educadores também não estão. Apesar das dificuldades, estamos todos nos esforçando ao máximo para não perder todo o tempo em casa”, enfatiza.

Para garantir que seus filhos estudem corretamente e no horário combinado, Gisele recolhe os celulares e orienta que durante o período só poderão usar o computador para o estudo, sem jogos e outras distrações.

Assim como Gisele, os professores também estão demorando para se adaptar ao novo método de ensino. Arlete Inácio, professora de ciências do 6° ano, que prepara aulas online para pré-adolescentes, diz que “a primeira dificuldade é conseguir fazer com que eles prestem atenção porque, querendo ou não, eles ainda têm muitas distrações que os impedem de se concentrar na aula. Quando não é a concentração, o problema é a conexão – que cai ou fica lenta. Os alunos se desconectam e demora para todos ficarem online de novo. Quando se vê, o tempo da aula já acabou. É bem difícil, mas estou fazendo o possível para que eles não fiquem sem conteúdo”, destaca.

Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem.

Até esse momento, a maior experiência que o ensino brasileiro teve com aulas a distância foi o EaD do Ensino Superior, no qual os alunos estudam algumas disciplinas pelo portal da faculdade online.

A situação se complica no caso das escolas que anteciparam as férias de julho para não perder o calendário letivo. Essa ação teria o objetivo de dar tempo para a instituição se adaptar ao ensino remoto. Mas não dá para negar que existem sim, vários alunos que estão sem ter aulas, nem mesmo a distância, desde o início da quarentena.

A pandemia pegou o mundo de surpresa, e com certeza, a educação não estava preparada para lidar com tamanha adversidade. Porém, a única solução para este período de dificuldade passar mais rápido é obedecendo as orientações da saúde sobre higienização, e acima de tudo, ficando em casa. Afinal, quanto mais tempo esse vírus circular pelas ruas, mais setores sofrerão com os impactos.

Créditos
Reportagem em vídeo
Repórter: Bianca Selhorst
Produção: Leonardo Costa
Edição: Maria Luiza do Nascimento

Reportagem em áudio
Repórter: Vinícius Pacheco
Produção: Bruno Matos
Edição: Sarah Hilgert

Reportagem de texto
Repórter: Bárbara Girardi
Imagens: Kauana Mulinari
Edição: Julia Zelindro

Editora Geral: Julia Zelindro

O lixo depois do Uni TSE derruba perfis de Carla Zambelli nas redes sociais. BrazilCore E-sports: O que são? Mulheres terão participação recorde nas eleições de 2022 Da monarquia ao parlamentarismo: um giro nas formas de governo ao redor do mundo. Uma mão na caneta e outra na terra A vida e a Morte da Rainha e o Novo Rei!