‘Política pública para burrice’, diz especialista sobre ataque de jacaré

No começo do ano, Laguna, município distante cerca de 121 quilômetros de Florianópolis, ganhou destaque na mídia estadual após diversos aparecimentos de jacarés-de-papo-amarelo terem sido registrados na cidade. Segundo sites de notícias da Cidade Juliana, pelo menos sete animais da espécie, comum na região, foram vistos.

Um caso ganhou bastante destaque depois que um morador do município foi atacado pelo jacaré, enquanto gravava um vídeo. O homem pensava que o animal estava sem vida e resolveu registrar o fato para compartilhar na internet. Ao se aproximar, o instinto do réptil falou mais alto que a curiosidade do ser humano.

“Tocar no animal ou se aproximar muito pode ativar um gatilho chamado de luta ou fuga. No caso do jacaré, que é um animal pesado e grande, ele vai lutar ao invés de fugir”, esclareceu o biólogo Rodrigo Ávila Mendonça, da Unisul.

Repercussão do ataque de jacaré

Semanas após o fato, as universidades do Sul de Santa Catarina (Unisul) e do Estado de Santa Catarina (Udesc), junto da Polícia Militar Ambiental de Laguna, iniciaram projeto de monitoramento das espécies no complexo lagunar. O grupo de especialistas tem a missão de contar e capturar estes animais.

“Iremos capturar o animal, marca-lo e depois devolvê-lo. Esse trabalho vai auxiliar na contagem da população. O brinco na cauda do animal também tem o objetivo de mostrar para a sociedade que o estado e as universidades estão monitorando os animais”, disse Mendonça, à época do lançamento do projeto de monitoramento.

Para o veterinário Joares May, que também integra a Unisul, o aparecimento de jacarés é algo normal. Mas, a normalidade não significa que o ser humano pode interferir no cotidiano da espécie a bel prazer.

“Tem jacaré na Lagoa Santo Antônio dos Anjos para tudo quanto é lado. Isso é pedir para fazer uma política pública para burrice”, dispara May, que participou de coletiva de imprensa no curso de Jornalismo. Segundo ele, a pessoa que se aproxima de um animal – réptil ou não – que não conhece, está sujeito a ser atacado, se não for cuidadoso.

May afirma que não é preciso desenvolver uma política para essa questão: “Para a questão dos jacarés, eu acho que não é política pública e sim, educação. Isso vai desde a escola, no primário, [tem que] ensinar que se tem uma animal, não [se deve] perturbar”.

Causas do aparecimento de jacaré

As principais causas apontadas para o aparecimento de jacarés no início de 2019, de acordo com May e Mendonça, tem relação com a quantidade de chuvas registradas no início do ano.

Outras hipóteses são:

  • Deslocamento natural dos animais;
  • Desequilíbrio ambiental: os jacarés precisam da luz solar para se aquecerem. Com a retirada das matas ciliares dos rios, há maior abundância de sol nestas áreas, o que faz com o que os animais fiquem mais próximos dos perímetros urbanos;
  • Conscientização: antigamente, a caça ao jacaré era muito comum. Como os órgãos de fiscalização estão investimento em monitoramento e a sociedade está mais sensibilizada, a população de jacarés pode estar voltando a sua normalidade.

De todos os avistamentos, apenas àquele na Praia do Gi teve registro de ataque a humanos. Se houver aparecimento de répteis ou quaisquer outro animal que apresente risco à população local, a Polícia Militar Ambiental deve ser acionada pelo telefone (48) 3647-7880.

*Com informações de UnisulHoje

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