Mulheres terão participação recorde nas urnas nas eleições de 2022

Número de mulheres candidatas é o maior das últimas três eleições gerais. A participação de candidaturas femininas chegou a 33,27% do total.

Pensar no papel social desempenhado pelas mulheres na sociedade brasileira, mais especificamente sob a ótica da política, é sempre um exercício interessante. Principalmente quando levamos em consideração um país como o nosso, construído no colo do machismo, do patriarcalismo, onde o homem sempre ocupou o espaço público.

Seja como eleitoras (desde a década de 1930), seja como candidatas a cargos públicos, é notável que progressivamente, a cada eleição, mais mulheres estão conquistando seu espaço. Pode-se dizer que o aumento na participação do voto pelas mulheres é a confirmação disso, embora os desafios encontrados pelas mulheres tanto na política quanto na sociedade de modo geral ainda são consideráveis.

O lugar da mulher na sociedade brasileira ainda é permeado de contradições. As mulheres são maioria no país. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 51,1% da população brasileira em 2021 era do sexo feminino. O dado representa 4,8 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil. Apesar disso, o número de candidatas mulheres ainda está longe de espelhar a sociedade.

Em termos quantitativos, basta analisarmos alguns dados apresentados pelo governo, observando-se que a participação das mulheres na Câmara dos Deputados é de 15% e, no Senado, de 20% do total. Além disso, o número de governadoras também ainda é muito pequeno. Porém, mesmo que ainda tímida, a presença cada vez maior de representantes e candidatas é algo essencial para o fortalecimento da democracia, afinal, a representatividade feminina é extremamente necessária quando pensamos nas lutas pelos direitos das mulheres em um contexto no qual, como se sabe, ainda há muito preconceito, exclusão e violência contra elas.

Eleições 2022

Segundo dados que constam no registro de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de mulheres que se candidataram nas eleições deste ano é o maior das últimas três eleições gerais. A participação feminina, em porcentagem, também é maior em 2022 na comparação com 2018 e com 2014. O número total de mulheres candidatas nesse ano é de 9.353, o que representa 33,27% do total de candidatos. O resultado de uma pesquisa divulgada pelo relatório “Desigualdade de Gênero e Raça na Política Brasileira”, produzido pela Oxfam Brasil e pelo Instituto Alzira, mostra que para que a quantidade de candidaturas de homens e de mulheres se iguale, nesse ritmo, seriam necessários 144 anos.

Ao analisar os candidatos para as eleições atuais, a diferença fica nítida. Para a disputa presidencial, são quatro candidatas entre os 12 postulantes. Para o cargo de governador, são 38 mulheres e 185 homens. Para o Senado, 53 mulheres e 179 homens. Já para deputado federal, 3.543 mulheres dividem espaço com 6.729 homens. Por fim, para deputado estadual, são 5.330 mulheres e 10.906 homens.

Dos 156.454.011 de indivíduos que poderão votar no pleito, 82.373.164 são do gênero feminino e 74.044.065 do masculino. O número de eleitoras representa 52,65% do eleitorado, enquanto o de homens equivale a 47,33%. Os números são um indício de que há necessidade de atenção para essa parcela considerável da população, ainda mais se tratando de uma sociedade que busca se fortalecer enquanto democracia.

Apesar de comporem a maior parte da população brasileira, as mulheres continuam sub-representadas nos espaços políticos e de poder, mas essa situação não ocorre por falta de competência ou interesse por parte delas. O cenário atual é resultado de como os partidos encaram as questões de gênero; isso não é prioridade para eles. Estamos avançando, mas ainda a passos lentos.

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