#ElaRepresenta: dirigindo suas escolhas

Por Beatriz Godoy Taveira

Lugar de mulher é na cozinha, é em empresas em cargos de chefia, nas ruas ajudando na segurança, nos hospitais salvando vidas, empreendendo em seus próprios negócios, em casa cuidando dos filhos, na direção de veículos, ganhando competições esportivas, ou em qualquer outro lugar onde ela queira estar. Pode parecer uma ideia simples e natural, mas por causa de séculos de construção social em que a mulher foi taxada a ter apenas um papel na sociedade, o reconhecimento dessa liberdade de escolha ainda não é compreendido por muitas pessoas.

Para Sandria Canto, seu lugar de mulher é dirigindo seu carro e prestando serviço a quem precisa. Autônoma, Sandria trabalha como motorista do aplicativo Uber há um ano, um trabalho que surgiu de uma necessidade. “Minha profissão é cozinheira, mas por um problema nas minhas mãos não pude mais exercer. Então, desempregada sem saber o que fazer, uma vizinha me deu a ideia”, explica a motorista.

Sandria durante os intervalos das viagens | Foto: Arquivo pessoal

Apesar de Sandria afirmar nunca ter sofrido com preconceito e desigualdade por atuar na profissão, essa não é uma realidade vivida por muitas das mulheres que compartilham do mesmo trabalho. Um estudo realizado em 2018 pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que as motoristas de Uber ganham 7% a menos que os homens que exercem a mesma função.

Segundo a diretora-executiva da Uber no Brasil, o aplicativo conta com apenas 6% de mulheres dentre os seiscentos mil motoristas de sua frota. Para tentar combater essa desigualdade e abrir mais espaço para a presença feminina na empresa, o aplicativo lançou no ano passado a ferramenta “U-Elas”. Como parte do programa “Mulheres na Direção” criado pela empresa, a ferramenta possibilita que as motoristas possam escolher transportar apenas mulheres quando desejarem, e ter descontos para alugar carros para trabalhar.

Já que a segurança é sempre uma preocupação e um desafio, a iniciativa tem como objetivo garantir a proteção das motoristas de Uber, contribuindo para a sua autonomia ao realizar o trabalho. Sandria conta que ser mulher lhe dá a oportunidade de ter muitas clientes mulheres, pois confia no mesmo sexo. Por estar sempre disponível a atender em qualquer horário, já se sentiu insegura em algumas situações. “Uma vez fui atender uma saída de baile, atendi quatro homens. Naquele dia senti muito medo”, relata.

Foto: Exame

Mesmo com todas as dificuldades que a profissão possa oferecer, a motorista procura olhar apenas para o lado positivo. Ajudar as pessoas é a sua maior motivação. “Uma vez salvei a vida de uma criança, levando-a para o hospital. Ela chegou teve duas paradas cardíacas. Teria morrido se não chegasse a tempo”. Ela ainda conta que o segredo é colocar muito amor em tudo que faz. “Adoro atender meus clientes. A motivação vem de saber que, além do dinheiro, faço muitas amizades”, ressalta Sandria.

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