A adaptação e os desafios das escolas durante a pandemia

Escolas voltam a funcionar presencialmente com novas regras e precauções com a pandemia do Covid-19

A pandemia do novo coronavírus afetou diversas atividades durante o ano de 2020 e continua afetando ainda em 2021, mesmo com a vacinação. Vários países impuseram o lockdown, mantendo abertos apenas serviços essenciais. Houve restrições de muitas áreas e praticamente todas tiveram que se adequar a essas restrições, seja optando por funcionamento remoto ou se mantendo presenciais, mas adotando medidas sanitárias de segurança.

Um caso particular é o da educação, que no ano de 2020 manteve-se a distância na maior parte do Brasil. Muitos argumentaram que o ensino remoto seria uma base de como a educação funcionará futuramente. No entanto, em estudo realizado pelo Instituto Datafolha, encomendada pelo banco digital C6 Bank, foi apontado que cerca de 4 milhões de estudantes brasileiros abandonaram os estudos em 2020, representando uma taxa de 8,4% de evasão escolar. O estudo aponta que a porcentagem é maior entre alunos das classes D e E, onde muitas vezes os pais não têm condições de acompanhar os filhos nas aulas ou mesmo não têm acesso à internet.

Com base nesses números e nesses argumentos, muitos políticos, prefeitos, governadores e os cidadãos passaram a defender o retorno gradual e seguro das aulas, através de um método chamado de regime híbrido. Cláudia da Rosa Nascimento Lopes, diretora da Escola Municipal de Educação Básica Santo André, no município de Capivari de Baixo, explicou como funciona esse método. “As turmas estão funcionando divididas em grupos A e B, que revezam com um grupo ficando uma semana online, estudando pela plataforma, enquanto o outro fica uma semana presencial, indo para a escola. Da turma da manhã, do sexto ao nono ano, estão em uma modalidade um pouco diferente. Como nossas salas comportam até 15 alunos com distanciamento, as turmas que têm até quinze alunos frequentam 100% presencial durante uma semana e na outra semana, ficam 100% online.”

O distanciamento e os protocolos dentro da sala de aula. Foto: Éster Martins

Dificuldades de adaptação ao estilo

A professora Marlei Mendes de Souza, da Escola Educação Básica Martinho Alves dos Santos, explica algumas dificuldades enfrentadas pelos professores.

“Os professores elaboram atividades para o tempo casa, com o intuito de potencializar os conhecimentos aprendidos em sala. A maior dificuldade está na devolutiva das atividades pois a maioria (dos alunos) não se compromete com esse modelo de ensino.” Marlei prossegue: “os professores não conseguem dar seguimento às aulas sem os alunos que estão em casa devolverem as atividades, interrompendo, assim, a aprendizagem. Além disso, os alunos com sintomas são afastados, dificultando o andamento das aulas por conta da ausência.”

Cláudia menciona que os professores e funcionários ainda estão na tentativa de acerto e que as rotinas no sistema híbrido estão bem difíceis: “é uma rotina bem complicada e conturbada, uma semana é de um jeito, na outra já muda tudo de novo e embora os cuidados estejam sendo tomados, a gente entende que não são 100% seguros, pois em nenhum lugar é. Estamos em processo de acerto e a rotina, a cada semana, pode ser diferente”.

Sobre alunos que têm sintomas da Covid-19, Cláudia explica: “já tivemos casos de alunos que ficaram afastados porque familiares testaram positivo para a Covid-19. Nós tivemos desde o início do ano apenas um funcionário afastado. As medidas que seriam adotadas para alunos que apresentam sintomas são isolar o aluno em uma sala de quarentena para que o responsável venha buscá-lo e levá-lo ao atendimento médico, para que sejam tomadas as devidas providências”.

A repórter Maria Luiza Inacio visitou a Escola de Educação Básica Neusa Ostetto Cardoso, localizada em Araranguá, e registrou como funciona o distanciamento dentro das salas de aula, e entrevistou professores e alunos a respeito dos desafios do ensino durante esse momento de pandemia. Confira o vídeo na íntegra:

Defasagem no ensino

Cláudia também relata uma defasagem no ensino do ano passado para esse, como se tivessem “pulado” um ano. “Muitos alunos não aproveitaram quase nada. Os alunos ainda estão meio adormecidos, não entraram em uma rotina de estudos normal e sofrem com uma dificuldade de aprendizagem. Os professores também relatam dificuldades, sobretudo com alunos que, na semana em que ficam em casa, não dão respostas a respeito das atividades. Acredito que está mais difícil do que no ano passado, onde era só online. As duas modalidades juntas dificultam o processo de aprendizagem, mas, as semanas em que os alunos têm aulas presenciais é o que está salvando, porque é quando os professores têm contato com eles e podem cobrar das atividades e também podem orientar.”

Cláudia também destaca que há uma resistência de alguns pais em mandar os filhos para a escola, sobretudo de pais que tiveram familiares que testaram positivo ou ficaram internados. No entanto, ela ressalta que a quantidade de alunos que permanecem online é baixa.

Quando se fala do desempenho dos estudantes, enquanto há quem reclame da defasagem do ensino, alguns alunos têm relatado melhorias no sistema híbrido. É o caso de Érick Apolinário da Silva, estudante da Escola de Educação Básica Bernardo Schmitz e morador de Sangão: “a minha turma tem os alunos que estão em ensino remoto e também há o semipresencial. Acredito que com esse modelo, estou aprendendo bem mais”. A modalidade de ensino EAD, tem seus prós e contras, e as dificuldades de se adaptar a essa nova realidade aumentam a cada dia. A cidade de Criciúma mantém o ensino nas escolas virtualmente desde o ano passado, o repórter Higor Stork entrevistou o prefeito da cidade, Clésio Salvaro, e ele conta as mudanças que as escolas sofreram a partir do mesmo de junho.

Editor Geral: Jean Domiciano

Áudio:
Editor: William Andrade
Repórter: Higor Stork
Produtor: Fhillype Costa

Vídeo:
Repórter: Maria Luiza Inacio
Editor: Amanda Pase
Produtor: Vinícius Barbosa

Texto:
Editora: Kamilla Melo
Fotógrafa: Éster Martins
Repórter: Eduardo Pereira

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