As dificuldades enfrentadas pela imprensa no Brasil

No último domingo, dia 3 de maio, foi comemorado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. No mesmo dia, manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro se concentraram em frente ao Palácio do Planalto, em manifestação onde defendiam pautas antidemocráticas como fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), além da intervenção militar, segundo o G1. Também de acordo com o veículo, alguns desses manifestantes agrediram verbal e fisicamente jornalistas do veículo impresso O Estado de São Paulo, bem como hostilizaram profissionais de imprensa de outros jornais.

Na ocasião, várias personalidades políticas e jurídicas brasileiras se pronunciaram condenando as agressões. Também se pronunciaram associações ligadas ao jornalismo, como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB.

O caso das agressões refletem uma situação grave em que vive a imprensa brasileira, que já não era nova e piorou nos últimos tempos. A Fenaj, em relatório publicado em janeiro de 2020, aponta uma aumento de 54,07% dos ataques contra os jornalistas em 2019, chegando a 208 casos. No ano interior, foram registrados 135 ataques. O mesmo relatório destaca que o presidente Jair Bolsonaro é o responsável por, pelo menos, 121 casos, o que significa 58,17% de todas as ocorrências. A federação opina que a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder tem provocado a piora do quadro de ataques à imprensa. De todos os casos, cerca de 54,81% são de descredibilização da imprensa.

Segundo matéria na Revista Exame, pela ONG Repórter Sem Fronteiras, o Brasil caiu duas posições no ranking da Liberdade de Imprensa de 2020, onde o país ficou na 107º, dentre outras 180 nações. A ONG também culpa o chefe do executivo pela piora nos números, pois os ataques do presidente a profissionais de imprensa contribui para o aumento do clima de ódio e hostilidade aos jornalistas.

O jornalista da Rádio Cidade, de Tubarão, Matheus Aguiar, opina que “a colocação do Brasil no ranking é péssima, o que infelizmente mostra um cenário bastante preocupante para a atividade da imprensa aqui no país, o que acaba atrapalhando muito a divulgação de fatos importantes para a sociedade.”

Matheus cita que o histórico de violência e desigualdade também é prejudicial para o trabalho de imprensa “isso acaba atrapalhando os profissionais de imprensa que trabalham em busca de informação, que muitas vezes mexe com boa parte do status de muitas pessoas no país.”

Ele afirma que “ser uma das nações com um dos piores índices gera uma preocupação muito grande e acaba fazendo com que o próprio jornalista na hora de fazer um trabalho pense duas vezes em relação à matéria porque sabe que pode ter problemas relacionados à violência.”

Matheus comenta que a postura de Jair Bolsonaro em relação aos jornalistas é lamentável “ele argumenta que é atacado todos os dias pela grande imprensa, mas a realidade é que em todos os governos a imprensa fez esse papel. Em governos anteriores em âmbito nacional, a estratégia era muito parecida, não tão exagerada como a do governo atual, mas parecida.”

O jornalista argumenta que a imprensa tem o papel de fiscalização do poder público e, caso encontre algo errado, buscar a informação. Contudo, ele ressalta que possam existir exageros, que segundo ele “precisam ser combatidos de uma maneira coerente.”

“Hoje mesmo (05), o presidente da república, maior autoridade do país, mandou uma pessoa da imprensa calar a boca. Isso é absolutamente repudiável! Isso não pode acontecer e também gera uma reação das pessoas que seguem Bolsonaro, que podem cometer o mesmo ato. Então, se a maior autoridade do país não dá o exemplo, as pessoas que lhe seguem acabam por fazer o mesmo porque são motivadas por ele, o que faz com que atos de violência como os que ocorreram no último fim de semana sejam mais frequentes.”

Para reverter o quadro, Matheus acredita que é necessário união da imprensa “infelizmente ela (imprensa) não é tão unida quanto deveria. Há muita concorrência leal e desleal para assuntos. Acho que a imprensa precisa cada vez mais ser unida em busca da boa informação, da verdade e da coerência ao transmitir algo para o público. Quem sabe a gente consiga um bom futuro.”

Matheus ressalta, porém, que nesses ataques, a imprensa não tem culpa “é importante culpar quem gera esse tipo de reação, que são as autoridades da república. Ela é muito mais vítima desse processo do que causadora desses ataques.”

Matéria: Eduardo Mota

Foto: Pixabay

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