Realizada pela comunidade do Mirim, um dos bairros imbitubenses mais antigos, a festa em honra ao Divino Espírito Santo completa 163 anos de fé e cultura açoriana. O evento que ocorreu entre os dias 2 e 10 de novembro, é organizado pela igreja católica de Imbituba, e une, também, história e tradição. Há mais de um século e meio, movimenta fiéis devotos à Sant’Ana e ao Divino, além de emocionar os munícipes que participam.
Mais de 60 festeiros colaboram para que a festa saia do jeito esperado e supra as expectativas da comunidade. Neste ano, as comemorações tiveram início com a missa de abertura, presidida por João de Souza, o qual abordou o tema “Com fé, tudo é possível”. “Durante os nove dias de festejos, recebemos os devotos com muito amor”, explica João Joaquim Fernandes, um dos festeiros. Durante a celebração, o a igreja do Mirim pôde relembrar o povo vindo da Ilha dos Açores, fundadores do bairro e da cidade.
A festa em honra ao Divino e à Sant’Ana acontece desde 1847 e é preparada durante todo o ano, realizando promoções e novenas, a fim de arrecadar fundos para executar o que desejam. Além das missas festivas, o evento contou com bingo, Desafio Pedalada das Lagoas, almoço açoriano e nove novenas. “Agradecemos muito quem compareceu em nossa comunidade de tradição. Permanecemos de braços abertos para receber todo mundo”, finaliza João.
Como surgiu a Festa do Divino
Devido suas tradições e ampla participação da comunidade, a festa em honra ao Divino Espírito Santo completa, em Imbituba, 163 anos de fé e cultura açoriana, e traduz um forte caráter folclórico, e é bem mais antiga do que se pode imaginar. Desde a Antiguidade até a Europa, na Idade Média, foi na Alemanha que o Divino ganhou sua primeira festa. O objetivo era um: conseguir dinheiro para ajudar os necessitados daquela época.
Em Portugal, a tradição começou no início do século XIV. Através de uma promessa feita pela Rainha Isabel ao Divino, ela passou a peregrinar o mundo com uma cópia da coroa e uma pomba da paz, para arrecadar fundos em prol da população pobre. No Brasil, finalmente, a festa foi trazida pelos portugueses, dois séculos depois, e em Santa Catarina, acredita-se que foi através dos primeiros imigrantes açorianos que a festa chegou, já no século XVII.
Sant’Ana também é homenageada nesta festa, que existe desde que o Papa Gregório XV disse que se Ana – mãe de Maria e, portanto, avó de Jesus, como relata na Bíblia – o curasse, estaria autorizada a celebração anual no mundo inteiro. A devoção a Sant’Ana, no Brasil, obedece a uma tradição vinda de Portugal. A Igreja de Santa Ana é uma tradição de quase todas as velhas cidades brasileiras.
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Por Lara Silva