Acadêmicos e a saúde mental na universidade

Em 2018 o Brasil tinha 8.450.755 alunos matriculados no ensino superior, como registrou o Censo do Ensino Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). A universidade é, acima de tudo, um espaço de extrema importância para o desenvolvimento desses jovens e adultos. O mundo universitário se caracteriza pelos impactos diversos que propõe. No entanto, com o acumulo das exigências que o período nutre, os acadêmicos podem ser abalados diretamente de forma negativa.

A saúde no ambiente acadêmico foi assunto do 2º Fórum Estudantil da Udesc na última quarta-feira (30), em Florianópolis. O evento contou com o tema “Conversando sobre a manutenção da saúde no ambiente acadêmico: aspectos psicológicos”. Suzana de Souza Tolfo, psicóloga e professora titular do Departamento de Psicologia da UFSC, ressalta que universidades são organizações e que, por isso, não podem ser vistas como ambientes perfeitos. “Como as demais [organizações], elas têm problemas como competitividade excessiva, conflitos, comunicação e relacionamentos interpessoais, assédios, entre outros”.

Além disso, Suzana ressalta outros fatores que interferem diretamente na rotina e na saúde mental dos acadêmicos, como a sobrecarga de estudos; diferentes atividades, como acadêmicas, de pesquisa e extensão; separação da família; insegurança sobre o mercado de trabalho; dúvidas quanto à escolha profissional; problemas nos processos ensino-aprendizagem; discriminações e constrangimentos em formas de assédio.

Segundo a professora, que foi convidada pela Udesc para debater a saúde mental dos acadêmicos junto a professora Lara Beatriz Fuck, a universidade é, sobretudo, o melhor lugar para desmistificar o assunto. “A universidade tem excelentes profissionais, o que faz com que tenha possibilidades maiores de reagir aos problemas”.

Apoio psicológico para acadêmicos

De acordo com pesquisas aplicadas na área, 49,1% dos universitários sofre com algum problema psicológico. Em 2016, a “Pesquisa Censo e Opinião Discente” na Universidade Federal do ABC (UFABC) mostrou que 17,92% dos trancamentos durante o ano foram por “questões psicológicas”. Logo, ações que auxiliem os acadêmicos a desenvolver estratégias de enfrentamento são fundamentais para que eles desenvolvam qualidade de vida.

Segundo Suzana, o meio acadêmico pode , sobretudo, atuar de diversas formas para ajudar esses jovens . “[A universidade pode] proporcionar informação sobre aspectos que interferem, como riscos à saúde, atuar de modo preventivo, criar condições de escuta/ assistência aos problemas instalados, e orientar ou encaminhar para profissionais especializados, dependendo dos casos”.

O Serviço de Psicologia da Unisul, tanto em Tubarão quanto na Grande Florianópolis, presta atendimento à comunidade interna e externa por intermédio dos alunos do curso de graduação em Psicologia, juntamente com os professores. William Andrades, acadêmico do curso de Jornalismo da Unisul, saiu de Torres – RS para estudar na cidade catarinense de Tubarão e encontrou na universidade um espaço de acolhimento.

O futuro jornalista foi atendido no espaço, onde teve acesso a quatro sessões de acompanhamento psicológico. “Foi legal ter alguém para conversar, mas só me deu uma luz. Não me senti tratado ou sendo tratado. É pouco tempo, mas eu entendo. É mais para saberem se eu preciso ser encaminhado [para um atendimento mais específico] ou não”, conta o jovem de 20 anos.

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