Gigantes por natureza, a Eubalena australis – as famosas Baleias-francas – visitam o litoral sul de Santa Catarina entre os meses de julho e novembro, e chamam atenção de moradores e turistas. Vindas de uma região chamada Georgia do Sul, que fica próxima às ilhas Malvinas e Antártida, elas buscam águas quentes para reproduzirem e amamentarem seus filhotes. Hoje, devido redes jogadas por pescadores, turismo embarcado, países que têm a cultura de caça e, também, descarte incorreto de plásticos e outros dejetos sólidos no mar, as baleias-francas são uma das espécies que correm perigo de extinção. Santa Catarina abriga, em sua costa, o último berçário das Baleias-francas, visto que “quando há muita fonte de molestamento, elas abandonam a área. Estamos correndo sério risco de também perder este berçário”, conta a advogada Renata Fortes, representante da Associação Catarinense de Proteção aos Animais (ACAPRA) em entrevista para o observatório da UFSC, em 2018.
No entanto, o número destes cetáceos ainda é bastante significativo no estado durante os quatro meses. Por isso, a SCPar Porto de Imbituba, empresa pública que administra o porto da cidade, tem o Programa de Monitoramento da Baleia-franca, realizado em parceria com o Grupo Acquaplan e Instituto Australis. O Programa está na sua 11ª edição, e, até o fim da temporada, as baleias que passam pela região da APA – Área de Proteção Ambiental da Baleia-franca, serão monitoradas. Os monitoramentos são feitos de forma terrestre e aérea – através de sobrevoos de helicóptero. No dia 28 de julho, aconteceu o primeiro sobrevoo da temporada de 2019, no qual foram avistados três adultos e seis fêmeas com filhotes na região de Imbituba e Laguna.
Comparado às avistagens do mesmo mês em 2018, o número registrado foi menor, mas está dentro do previsto para o período. Segundo Joares May, médico veterinário e professor nos cursos de Medicina Veterinária e Ciências Biológicas da Unisul, o que diminuiu foi a quantidade de baleias visitando a região este ano. “Elas vão para a África, Austrália, Costa Atlântica do Brasil e para a Costa do Pacífico. Nem toda baleia viaja todo ano, então existe uma sazonalidade no deslocamento delas. É normal um ano ter mais que o outro”, explica. O objetivo do monitoramento é, justamente, pesquisar e realizar o censo populacional com informações necessárias para análise e conservação da espécie.
Saiba mais sobre o monitoramento das baleias-francas
As avistagens são realizadas a partir de pontos estratégicos do litoral, dentro e no entorno da área portuária. O monitoramento terrestre ocorre diariamente, em pontos de observação nas praias do Porto e Ribanceira, em Imbituba. O tempo de observação padrão é de seis horas diárias, divididas em dois turnos, podendo variar de acordo com a quantidade de horas/luz diárias e condições climáticas, bem como a movimentação dos navios. (Grupo Acquaplan)
Além disso, o Porto de Imbituba tem desenvolvido um trabalho de conscientização junto às tripulações dos navios atracados. Camila Amorim, oceanógrafa e analista portuária da SCPar Porto de Imbituba, conta que a equipe de Meio Ambiente visita as embarcações, a fim de passar as orientações fundamentais na temporada. “Levamos informações sobre o comportamento das baleias, mostrando o mapa dos limites da APA e também como ocorre o monitoramento dos cetáceos no Porto”, acrescenta. Os próximos sobrevoos estão marcados para setembro, pico de avistagem da espécie, e novembro, no fim da temporada.
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